Lei da Ficha Limpa poderá ser adotada também no Poder Executivo
Tramita na Câmara uma PEC pela qual pessoas
consideradas inelegíveis segundo os critérios desta lei também sejam
impedidos de assumir postos.
Estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal a validade da Lei da Ficha
Limpa para as eleições municipais deste ano, o Congresso Nacional
trabalha agora para que ela seja aplicada também a cargos do Poder
Executivo.
Tramita na Câmara dos Deputados uma poposta de emenda
à Constituição (PEC) pela qual as pessoas consideradas inelegíveis
segundo os critérios desta lei também sejam impedidos de assumir postos
em ministérios, secretarias estaduais ou prefeituras, bem como cargos de
chefia em órgãos da administração direta.
A PEC, de autoria do
deputado Sandro Alex (PPS-PR), visa a evitar que políticos que ficariam
fora da vida pública por meio de cargos eletivos sejam acomodados no
Poder Executivo em função das alianças partidárias. Segundo o deputado,
hoje, há candidatos ficha suja ganhando como prêmio de consolação cargos
mais importantes no Executivo.
“A população exige que, para os
cargos do Executivo, sejam cumpridos os mesmos princípios da moralidade e
probidade exigidos para os cargos eletivos”, completa Alex, cuja
proposta também impede os ficha-suja de assumir cargos de confiança ou
funções comissionadas, que são exercidas por funcionários efetivos.
O
assunto está sendo tratado pelo governo federal. Segundo a
Controladoria-Geral da União, há um debate em andamento envolvendo a
Casa Civil, o Ministério da Justiça e a Advocacia-Geral da União, além
da própria CGU. A assessoria de imprensa da CGU informou, porém, que
ainda não há uma definição sobre a proposta.
A ideia já conta
inclusive com apoio de parlamentares da base aliada do governo. É o caso
do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que foi um dos maiores defensores da
Ficha Limpa no Congresso. “Se a presidenta [Dilma Rousseff], amanhã ou
nos próximos dias, disser que vale também no Executivo, que só pode
assumir quem tem ficha limpa e capacidade para o cargo, seria
fantástico”, disse Simon, após saber da decisão do Supremo pela
constitucionalidade da lei. Na Câmara, mais de 200 deputados, entre
oposicionistas e governistas, apoiaram e assinaram a PEC de Sandro Alex.
Entre
os oposicionistas, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) foi o
primeiro a cobrar que governadores, prefeitos e a presidenta Dilma
adotem os critérios da Lei da Ficha Limpa para nomear seus subordinados.
“O exemplo da lei, aprovada no Legislativo e agora declarada
constitucional pelo Supremo, tem que ser seguido pelo Executivo. Aí
vamos conseguir construir uma política mais republicana”, afirmou
Randolfe.
A Lei da Ficha Limpa teve iniciativa popular e foi
aprovada pelo Congresso Nacional em 2010, alguns meses antes das
eleições gerais daquele ano. Diversos candidatos eleitos não tomaram
posse em 2011 com base nos artigos da lei que consideram inelegíveis
aqueles que foram condenados por órgão colegiado (segunda instância) por
crimes hediondos, crimes contra o patrimônio público e improbidade
administrativa, entre outros
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