POLICIAIS RECLAMAM DE MÁS CONDIÇÕES DURANTE CARNAVAL DE TIBAU AREIA BRANCA E APODI.
Parte
dos policiais militares que trabalharam durante a Operação Carnaval
Seguro, realizada entre sexta e quarta-feira da semana passada,
denunciaram atos de arbitrariedade e falta de condições de trabalho. Os
policiais dizem que trabalharam em escalas exaustivas, alguns de maneira
involuntária, e sem as condições necessárias. Alguns disseram não ter
nem como se deslocar nas cidades que foram designados. A associação que
representa a categoria vai cobrar explicações aos comandos da Polícia
Militar.
As denúncias foram feitas por
policiais militares que trabalharam em Tibau, Areia Branca e Apodi
durante o Carnaval deste ano. Os relatos foram feitos à Associação de
Praças de Mossoró e Região (APRAM) e já foram encaminhadas aos
comandantes do II Batalhão e XII Batalhão de Polícia Militar, ambos
sediados em Mossoró e responsáveis pelo policiamento nestas cidades. Os
comandantes destas unidades devem cobrar explicações dos policiais
responsáveis pelas três cidades e caso seja comprovada a denúncia dos
PMs, poderá haver punição, conforme espera a equipe da Apram.
O policiamento extra que é
utilizado durante o Carnaval é composto por policiais que estão de folga
e se oferecem voluntariamente para trabalhar em troca de remuneração
extra. Para cada seis horas de trabalho extra, um policial militar tem
direito a receber R$ 50,00, pagos pela Secretaria de Estado da Segurança
Pública e da Defesa Social (SESED) do RN. Só para o Carnaval deste ano,
o comandante-geral da PM, coronel Francisco Araújo Silva, afirmou que
foram designados 3.000 PMs, todos sem comprometer a escala de serviço
normal. Metade desse efetivo foi direcionado para o interior.
No entanto, as denúncias
recebidas pela Associação de Praças de Mossoró e Região mostram que a
situação, na prática, foi bem diferente. A área de Mossoró, que inclui
várias cidades da região Oeste, teria recebido um número de policiais
militares bem inferior ao que estava previsto e por isso homens foram
sacrificados, além do que é permitido e recomendado fisicamente (o
desgaste é extremo e perigoso). Em Areia Branca, por exemplo, a denúncia
é que policiais haviam trabalhado 24 horas, o que lhes daria uma folga
de, no mínimo, 36 horas, mas tiveram que “emendar” com outra escala.
Em Apodi, o problema foi
praticamente o mesmo. O número de policiais que seria recebido da
capital foi menor do que o que estava previsto. Nesse caso, policiais
afirmaram ter trabalhado de maneira forçada. Segundo o soldado Clayton
Jadson, presidente da Apram, a lei de número 7754/99 diz que a folga
deve ser respeitada e o policial só pode sacrificá-la mediante o
recebimento de remuneração extra, se manifestar interesse. Em Apodi, a
lei teria sido desrespeitada. Nas duas cidades, a Apram teme que
policiais tenham faltado ou se atrasado para o serviço e sejam
responsabilizados por isso.
Em Tibau, as denúncias recebidas
pela entidade são ainda mais amplas e referem-se, em sua maioria, a
falta de estrutura. Os policiais alegam terem sido “abandonados” pela
Secretaria de Segurança do Rio Grande do Norte. Os militares reclamaram
da falta de um carro de apoio durante o trajeto percorrido pelo trio
elétrico (nem água foi disponibilizada a eles). Ao término do trajeto,
garantindo a segurança de milhares de foliões, os policiais não tinham
transporte (as viaturas já estavam sendo usadas) para voltar à base da
PM para fazerem suas refeições e refaziam todo o trajeto a pé, exaustos.
Outra queixa, ainda em Tibau, é
relacionada ao transporte dos policiais de Mossoró para Tibau. Um carro
com capacidade para conduzir seis pessoas levou dez policiais. Além de
desrespeitar regras do Código Trânsito Brasileiro (CTB), o excesso de
passageiros colocava em risco a integridade física de todos os
ocupantes. Noutros dias, os policiais reclamaram ter que passar até uma
hora além do trabalho, que já era extra. Os PMs reclamaram ainda que
foram escalados para atuar numa determinada área e chegando à cidade,
tiveram que ocupar outras posições, além do que já havia sido proposto.
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