Segundo Salomão Gurgel (PT) policiais militares da região só trabalham para quem paga pelo serviço; soldado cobra R$ 200 e sargento até R$ 800 por mês.
Para o prefeito é preciso que o Governo assuma,
efetivamente, a Segurança na região. “Como não existe uma política
pública de segurança para estes municípios, esses policiais
despreparados ficam agindo como querem e bem entendem”.
Em
entrevista ao Nominuto, Salomão Gurgel não revelou o nome dos policiais
corruptos, mas explicou como o esquema funciona. “Como não há gerência
do Estado, esses policiais se organizam como querem. Falta hierarquia e
disciplina”.
“Eles vão procurar os prefeitos da região e só
trabalham se a prefeitura oferecer ‘condições’. Já pagamos a refeição
deles, o material de expediente e limpeza, damos parte do combustível e
por vezes, até peças para manutenção das viaturas, mas eles cobram,
também, uma ajuda de custo pessoal, e isso se tornou uma prática comum”.
Segundo
Salomão um soldado cobra, em média, 200 reais por mês, enquanto um
sargento pode chegar ao custo de até 800 reais. “Juntando tudo, no final
do mês temos um custo de 6 a 8 mil reais com despesas que deveriam ser
do Estado”.
O prefeito ainda explica que despesas dessa natureza
não estão previstas no orçamento do município e para pagar a ajuda de
custo desses policiais algumas prefeituras da região estão tendo que
desviar recursos de outras destinações pra tal. “Aqui em Janduís eu não
faço isso, mas muitos comerciantes têm que pagá-los para ter a sensação
de segurança”.
Para Salomão, a Polícia Militar está completamente
desmoralizada na região. “Hoje, a Polícia tem medo dos bandidos e mesmo
que estejam a 100m de um criminoso eles não fazem nada, uma porque não
querem e outra porque também não têm condições para tal. E isso só
desmoraliza a PM”.
Ele lamenta que outros prefeitos não tenham a
coragem de denunciar o esquema e avalia que encerra seu mandato com a
segurança do município em piores condições daquelas encontradas em 2004,
quando assumiu a prefeitura. “A segurança em Janduís está pior do que
antes porque a bandidagem evoluiu, eles chegam aqui em carros novos e
com um poder de fogo muito maior, enquanto a PM ficou parada no tempo”.
Salomão lamenta que os bandidos tenham uma capacidade de intimidação bem maior que a Polícia Militar de dissuadi-los.
O
prefeito relata que já esteve em duas oportunidades reunido com o
secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Aldair da Rocha, para
tratar do policiamento em seu município e entorno, mas os compromissos
nunca saíram do papel; no Comando da Polícia Militar não é diferente. “O
Comando da PM sempre diz que faz as solicitações ao Governo, mas não
são atendidos e fica por isso mesmo”.
Ainda que considerada muito
grave, segundo o comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco
Canindé de Araújo, a denúncia não foi formalizada pelo prefeito junto
ao Comando da PM ou na Corregedoria.
“Repudio as atitudes
denunciadas pelo prefeito Salomão Gurgel e elas precisam ser denunciadas
formalmente, contudo já determinei ao comandante do Policiamento do
Interior, coronel Reinaldo, a abertura de um processo administrativo
para apurar o caso. Na quinta-feira (12), um oficial do batalhão de Assu
esteve em Janduís para falar com o prefeito, mas não o localizou na
cidade”.
O Comando de Policiamento do Interior, instaurou essa
semana um Inquérito Policial Militar para apurar as denuncias, presidido
pelo tenente-coronel Francisco Alvibá Gomes Ferreira, comandante do 12º
BPM. O oficial tem um prazo de 40 dias prorrogáveis pelo mesmo período
para concluir o inquérito.
A equipe de reportagem do Nominuto
também tentou entrar em contato, por diversas vezes, com os policiais
militares de Janduís através de ligações telefônicas, por um número
fornecido pelo Comando do Policiamento do Interior, mas nenhuma das
tentativas foi atendida.
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