domingo, 15 de abril de 2012

Prefeito de Janduís denuncia esquema de corrupção na PM

Segundo Salomão Gurgel (PT) policiais militares da região só trabalham para quem paga pelo serviço; soldado cobra R$ 200 e sargento até R$ 800 por mês.


O prefeito do município de Janduís, Salomão Gurgel Pinheiro (PT), denunciou esta semana um suposto esquema de corrupção envolvendo os policiais militares responsáveis pela segurança no município e entorno. Segundo ele, os policiais só trabalham para aqueles que pagam pelo serviço.

Para o prefeito é preciso que o Governo assuma, efetivamente, a Segurança na região. “Como não existe uma política pública de segurança para estes municípios, esses policiais despreparados ficam agindo como querem e bem entendem”.

Em entrevista ao Nominuto, Salomão Gurgel não revelou o nome dos policiais corruptos, mas explicou como o esquema funciona. “Como não há gerência do Estado, esses policiais se organizam como querem. Falta hierarquia e disciplina”.

“Eles vão procurar os prefeitos da região e só trabalham se a prefeitura oferecer ‘condições’. Já pagamos a refeição deles, o material de expediente e limpeza, damos parte do combustível e por vezes, até peças para manutenção das viaturas, mas eles cobram, também, uma ajuda de custo pessoal, e isso se tornou uma prática comum”.

Segundo Salomão um soldado cobra, em média, 200 reais por mês, enquanto um sargento pode chegar ao custo de até 800 reais. “Juntando tudo, no final do mês temos um custo de 6 a 8 mil reais com despesas que deveriam ser do Estado”.

O prefeito ainda explica que despesas dessa natureza não estão previstas no orçamento do município e para pagar a ajuda de custo desses policiais algumas prefeituras da região estão tendo que desviar recursos de outras destinações pra tal. “Aqui em Janduís eu não faço isso, mas muitos comerciantes têm que pagá-los para ter a sensação de segurança”.

Para Salomão, a Polícia Militar está completamente desmoralizada na região. “Hoje, a Polícia tem medo dos bandidos e mesmo que estejam a 100m de um criminoso eles não fazem nada, uma porque não querem e outra porque também não têm condições para tal. E isso só desmoraliza a PM”.

Ele lamenta que outros prefeitos não tenham a coragem de denunciar o esquema e avalia que encerra seu mandato com a segurança do município em piores condições daquelas encontradas em 2004, quando assumiu a prefeitura. “A segurança em Janduís está pior do que antes porque a bandidagem evoluiu, eles chegam aqui em carros novos e com um poder de fogo muito maior, enquanto a PM ficou parada no tempo”.

Salomão lamenta que os bandidos tenham uma capacidade de intimidação bem maior que a Polícia Militar de dissuadi-los.

O prefeito relata que já esteve em duas oportunidades reunido com o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Aldair da Rocha, para tratar do policiamento em seu município e entorno, mas os compromissos nunca saíram do papel; no Comando da Polícia Militar não é diferente. “O Comando da PM sempre diz que faz as solicitações ao Governo, mas não são atendidos e fica por isso mesmo”.

Ainda que considerada muito grave, segundo o comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Canindé de Araújo, a denúncia não foi formalizada pelo prefeito junto ao Comando da PM ou na Corregedoria.

“Repudio as atitudes denunciadas pelo prefeito Salomão Gurgel e elas precisam ser denunciadas formalmente, contudo já determinei ao comandante do Policiamento do Interior, coronel Reinaldo, a abertura de um processo administrativo para apurar o caso. Na quinta-feira (12), um oficial do batalhão de Assu esteve em Janduís para falar com o prefeito, mas não o localizou na cidade”.

O Comando de Policiamento do Interior, instaurou essa semana um Inquérito Policial Militar para apurar as denuncias, presidido pelo tenente-coronel Francisco Alvibá Gomes Ferreira, comandante do 12º BPM. O oficial tem um prazo de 40 dias prorrogáveis pelo mesmo período para concluir o inquérito.

A equipe de reportagem do Nominuto também tentou entrar em contato, por diversas vezes, com os policiais militares de Janduís através de ligações telefônicas, por um número fornecido pelo Comando do Policiamento do Interior, mas nenhuma das tentativas foi atendida.

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