O Ministério Público do Rio Grande do Norte e a Polícia Rodoviária Federal realizaram nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (11) uma operação na cidade de Mossoró, na região Oeste potiguar, com o objetivo de desarticular uma quadrilha suspeita de fraudar carteiras de habilitação. A ação foi batizada de 'Operação Cangueiros' e as investigações duraram nove meses.
Segundo informações do MP, divulgadas logo cedo, foram cumpridos 11 mandados de prisão e 17 de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Assu, Tibau, Alexandria e Aracati, no Ceará.
Entre os presos estão proprietários de Centros de Formação de Condutores e o diretor do Detran de Mossoró, Jader Luiz Henrique da Costa.
Todos os 11 detidos foram encaminhados para o quartel da PM em Mossoró.
O termo "cangueiro", no Nordeste, é usado para definir a pessoa que dirige mal.
A operação
A operação decorreu de investigação promovida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado. Segundo as investigações, os envolvidos faziam parte de uma quadrilha que agia em Mossoró,Tibau, Assu e Alexandria, todos acusados de fraude em diversas etapas do processo de emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
As irregularidades, ainda de acordo com o MP, aconteciam desde o registro falso da presença dos interessados nas aulas teóricas das autoescolas à facilidades nos testes escritos, práticos, psicológicos e exames médicos. Foi divulgado que pessoas analfabetas ou com algum grau de deficiência visual conseguiram obter autorização para dirigir.
O MP informou ainda que a fraude envolvia, além do diretor do Detran de Mossoró, servidores públicos daquele órgão e os proprietários de quatro Centros de Formação de Condutores.
Na autoescola C.F.C Piloto, um dos locais onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão, a proprietária Djane Rocha Peixoto contou ao G1 que foi surpreendida com a chegada dos policiais. "A polícia chegou aqui com o Ministério Público dizendo que estavam fazendo uma fiscalização", contou. "Aqui ninguém foi preso, mas levaram alguns documentos da autoescola. Eu não sei do que se trata", acrescentou.
De acordo com as investigações, o esquema funcionava com a captação de interessados à obtenção de CNH, os quais não precisavam assistir às aulas teóricas e/ou eram favorecidos nas provas escritas e práticas. Em muitos casos, o MP disse que os gabaritos da prova teórica eram entregues em branco para posteriormente serem preenchidos pelos integrantes da quadrilha. Além disso, os aspirantes a condutores tinham acesso antecipadamente aos testes psicológicos e eram aprovados nos exames de visão ainda que apresentassem algum tipo de problema que o incapacitasse à aptidão na prova.
Consta também que a quadrilha possuíam uma tabela com os valores para os favorecimentos, que iam desde a aulas para o psicoteste, no valor de R$ 200, à aprovação no teste de volante por R$ 250 e até R$ 4.000 para as demais etapas do processo. A investigação demonstrou que o principal alvo da quadrilha eram os analfabetos.
Entre os crimes praticados estão formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema de informação e corrupção passiva e ativa.
A Operação Cangueiros contou com o apoio de 24 Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), 120 agentes da Polícia Rodoviária Federal e de 12 policiais militares.
Fonte:G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário