Depois de saber que a filha havia sido feita refém em um assalto, um empresário de 48 anos se descontrolou e matou com golpes de faca o suspeito de cometer o crime. O caso aconteceu na tarde de terça-feira, em Passo Fundo, no norte do Estado, dentro da delegacia de Polícia Civil.
O crime aconteceu de manhã, quando uma mulher de 27 anos deixava a filha de 11 anos, em uma escola da Vila Rodrigues. O bandido entrou no Vectra e armado com uma faca, a obrigou a dirigir até o interior do município.
Na estrada vicinal que dá acesso ao Distrito de São Roque, eles brigaram e ela se feriu ao segurar a faca com as mãos. A mulher perdeu o controle do carro e capotou. A motorista ficou ferida e foi levada para o Hospital da Cidade, onde foi submetida a cirurgia.
Vinícius Fabiani, de 33 anos, detento do regime semi-aberto, fugiu à pé, mas foi perseguido e preso em flagrante pela Brigada Militar no começo da tarde. Ele tinha com ele, o celular da vítima.
Ao saber que o suspeito estava na Delegacia de Pronto Atendimento, o pai da vítima foi até o local e invadiu a sala de triagem. Descontrolado, ele desferiu uma facada no peito do assaltante.
O policial militar que havia acabado de retirar as algemas do preso para colocá-lo na cela, conseguiu conter o empresário. Fabiani foi socorrido e levado ao mesmo hospital em que sua vítima estava internada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no fim da tarde. O empresário, cujo nome não foi divulgado pela polícia, foi preso em flagrante por homicídio.
- Aparentemente agiu assim por descontrole emocional, é um trabalhador com boa condição de vida, salientou o delegado Diego Dezordi.
O empresário foi levado por volta das 20h ao Presídio Regional de Passo Fundo e liberado pela Justiça ainda durante a noite.
Com o braço enfaixado e ainda muito dolorido depois de uma cirurgia, a filha do empresário que matou um assaltante relata o drama que passou em Passo Fundo, no norte do Estado.
A jovem, de 27 anos, que trabalha como cabeleireira, revela que sofreu ameaças do assaltante e que ainda teme retaliações, de pessoas ligadas a ele. Por isso, pediu para não ser identificada.
Zero Hora - Como ele abordou você?
Vítima - Eu iria buscar um livro para a minha filha, de 11 anos, e estacionei em uma rua próxima ao colégio dela, na vila Rodrigues. Ele correu em direção ao carro e me apontou uma faca, falando que era um assalto e que eu deveria ficar quieta. Ele entrou no banco traseiro e, apontando a faca para o meu pescoço, me mandou dirigir. Eu estava apavorada. Falava que ele podia levar o carro e todo o dinheiro que eu tinha e implorava para que ele me deixasse ir. Ele falava que eu era muito bonita e que era para continuar dirigindo, pois ele iria me estuprar. Eu fui dirigindo até chegar no interior, não sabia muito bem onde era.
ZH - Quando ele assumiu a direção?
Vítima - Ele ficava falando que era para dirigir mais rápido, mas eu estava tão nervosa que não conseguia. Então ele ordenou que eu parasse o carro e fosse para o banco do passageiro, para ele assumir a direção. Eu pensei em fugir nesta hora, mas ele ficou apontando a faca para mim e pulou rápido para o banco do motorista. Ele entrou em uma estrada do interior e eu fiquei apavorada, só pensava que iria morrer.
ZH - E você reagiu?
Vítima - Sim, foi quando ele começou a passar a mão na minha perna. Eu entrei em pânico e peguei a faca dele. Ele puxou a fala de volta e começamos a brigar. Então ele perdeu o controle do veículo e o carro capotou. Mesmo assim, continuamos a brigar. Eu gritava muito por socorro e vieram pessoas me ajudar. Ele pegou meu celular e meu dinheiro e fugiu. Eu fiquei lá, com as mãos cortadas. Doía muito.
ZH - Ele ameaçou você?
Vítima - No carro ele ficava dizendo que eu era linda e que estava me seguindo, que sabia onde eu morava e que se eu tentasse reagir iria matar minha família.
ZH - Depois você foi para o hospital?
Vítima - Os moradores me ajudaram, porque minhas mãos sangravam muito. Liguei para o meu marido e contei o que tinha acontecido. Meu pai me encontrou e eu fui levada de ambulância para o hospital. Contei a ele que o assaltante tinha fugido e ameaçado nossa família, estava com muito medo que ele pudesse fazer algo com a minha filha.
ZH: Como você soube que seu pai feriu o assaltante?
Vítima - Minha irmã me contou no hospital. Fiquei lá até esta manhã, porque passei por uma cirurgia na mão.
ZH: E o que você pensa da atitude que ele tomou?
Vítima - Foi um erro, mas talvez se acontecesse algo assim com a minha filha eu fizesse o mesmo. Eu não consigo nem pensar em algo assim acontecendo com ela. Acho que ele sentiu isso.
ZH: Você ainda tem medo?
Vítima - Tenho. Fiquei sabendo que ele era do semi-aberto, pode ser que alguém venha atrás de nós. Tenho a sensação de que sempre vou ficar olhando para todos os lados, com medo de algo.
Zero Hora
Blog Combate Policial
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