domingo, 10 de março de 2013

Mulheres no mundo do crime,um caminho difícil

90% dos crimes praticados por mulheres estão relacionados com drogas
Somente na ala feminina do Complexo Penal Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN) de Mossoró-RN, estão detidas, hoje, 58 mulheres, desse total, 20 são condenadas e as demais são presas provisórias aguardando decisão da Justiça. Segundo informações da própria unidade, das 20 mulheres que já foram condenadas e cumprem pena no presídio local, apenas uma foi condenada por homicídio, o restante cumpre pena por tráfico de drogas.Estatísticas no Brasil revelam que o número de mulheres envolvidas no mundo do crime vem crescendo de forma assustadora. Aumentando também as modalidades de crimes que contam com a participação do público feminino. Enquanto no passado os crimes praticados por mulheres se resumiam a furtos, estelionatos e crimes passionais, hoje a mulher também usa arma, pratica assalto, se envolve em sequestros e assume comandos no tráfico de drogas.
Neste universo onde a mulher caminha à margem da lei, muitas histórias são encontradas e depoimentos que chegam a impressionar pela frieza com a qual as presas encaram o crime, assim como existem casos comoventes de detentas grávidas submetidas ao regime carcerário. Atualmente, as mulheres em regime de condenação e presas provisórias dividem o mesmo pavilhão no Presídio Estadual Mário Negócio, uma decisão adotada há alguns meses por decisão judicial, visto que o Centro de Detenção Provisório Feminino (CDPF) de Mossoró funcionava em local inadequado em duas celas da 2ª Delegacia De Polícia Civil (2ª DPC), hoje desativadas.
Nesta reportagem as presas serão identificadas apenas pelas iniciais dos nomes. Os casos relatados ao jornal GAZETA DO OESTE pelas mulheres presas no Presídio Mário Negócio incluem mulheres que estão cumprindo penas ou presas provisórias, todas por tráfico e associação ao tráfico de drogas.
“Desde criança me envolvi com drogas, acho que tinha uns 12 anos, quando comecei a me acompanhar com usuários de drogas e depois de um tempo passei a comercializar”, diz N.P.N, 23 anos. A primeira prisão aconteceu quando já era maior de idade e foi presa em flagrante comercializando drogas na cidade de Apodi-RN.
N.P.N. foi condenada a 10 anos de prisão e já cumpriu três anos da pena. Hoje está grávida de seis meses do terceiro filho. Segundo ela, a gravidez aconteceu quando ganhou o direito de cumprir quatro meses de prisão domiciliar, em decorrência de um acidente de moto em que teve o pé quebrado. Atualmente está prestes a ganhar outro benefício, o de ter o bebê em casa. Esse tipo de recurso é concedido quando a unidade prisional não dispõe de berçário ou ambiente adequado para abrigar presas com os bebês. De acordo com N.P.N., os outros dois filhos são criados pela avó materna.
No mesmo pavilhão, o jornal GAZETA DO OESTE entrevistou a presa mais antiga do Presídio Mário Negócio, que disse claramente não sentir vontade de sair do mundo do crime. “Eu não penso em mudar de vida, estou presa porque vendia crack e maconha lá fora e depois me compliquei porque cai com droga aqui dentro do presídio também”. O relato é da presa A.Y.G.S, 21 anos, e está presa desde os 18 anos.

Familiares alegam desconforto com revista íntima

POR AMOR
 Grande parte das mulheres que está presa no Presídio Estadual de Mossoró se envolveu no crime através dos companheiros, como é o caso de F.L.S.E., 20 anos, que está presa há um mês por conduzir droga no órgão genital para o marido, que também cumpre pena na unidade.
Ela relatou que está grávida de três meses e que engravidou durante uma visita íntima ao marido no presídio. “Em uma dessas visitas ele me pediu para trazer droga pra ele e eu trouxe, só que fui pega durante a revista íntima e então fiquei presa”, explicou. F.L.S.E. contou também que está grávida do segundo filho, que é o primeiro deste atual companheiro, mas já tem outro que está com a avó, fruto de outro relacionamento com um detento que também está preso na Cadeia de Caraúbas-RN. “Se eu pudesse escolher não faria novamente”, disse se referindo ao fato de ter transportado drogas e ser este o motivo de sua prisão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário