domingo, 17 de novembro de 2013

Mossoró tem sete casos de crianças feridas por bala perdida

Léo Jackson, Deyse Kelly e Ângela Kelly, vítimas da violência A violência que se instalou em Mossoró nos últimos quatro anos já deixou aproximadamente 600 pessoas mortas, no entanto este ano tem sido mais assustador ainda, onde além dos crimes envolvendo tráfico de drogas e acerto de contas, as crianças passaram a ser vítimas da bandidagem. Somente este ano sete crianças foram vítimas de balas perdidas, e três delas morreram.
Os casos envolvendo os menores ocorreram em bairros periféricos, onde a ação das gangues acontece em plena luz do dia ou na calada da noite. As três crianças mortas a tiros são dos bairros: Papoco, Barrocas e Aeroporto II, onde parentes ou amigos das vítimas seriam o alvo dos criminosos.
As mortes das crianças ou o fato de alguma ter sido baleada inocentemente, causa revolta à população e levanta discussão sobre os meios de combater a criminalidade em áreas consideradas de risco.
“A periferia por si só já é uma área considerada vulnerável e por esse motivo a violência tende a se deslocar para ela, atraindo gangues que a todo custo querem manter o domínio de atuação. Diante desta situação, tiroteios são inevitáveis e, com isso, toda população fica desprotegida, inclusive as crianças”, explicou o psicólogo João Hermínio Trindade, autor de um estudo intitulado “As periferias do Brasil.
Para o psicólogo, as falhas na segurança pública são as principais causas dos confrontos envolvendo facções criminosas. “Teríamos que ter uma política de segurança pública específica, voltada para o combate de facções criminosas em áreas de riscos, como aconteceu recentemente em favelas do Rio de Janeiro. Se não for assim, com certeza inocentes continuarão pagando a conta”, disse.

REVOLTA
Familiares do menino Léo Jackson da Silva, 2 anos, morto por bala perdida durante um tiroteio, na noite do último sábado (9) em Mossoró, ainda estão profundamente abalados com o ocorrido e extremamente revoltados. Léo Jackson estava no colo do pai, em uma esquina do bairro Papoco, quando cinco elementos em um veículo escuro abriram fogo contra uma pessoa que estava no mesmo local.
De acordo com a Polícia Civil, os disparos teriam como alvo um adolescente de 16 anos que estava no local. Ele foi baleado no ombro e não corre risco de morte. No entanto, os tiros também atingiram Marcelo Augusto Nascimento Silva, 19, que morreu com um tiro no pescoço.
O garoto foi atingido na cabeça, por estilhaços de tiros de escopeta calibre 12, chegando ainda a ser socorrido para uma unidade médica, onde morreu na madrugada seguinte. O avô da criança disse que a família ficou em choque após a morte do neto. "Todo mundo está muito abalado. A família está chocada e muito revoltada".
Em recente entrevista ao O Mossoroense, o tenente-coronel Alvibá Gomes, comandante do 2º BPM, disse que a polícia está nas ruas com o trabalho ostensivo para combater ação das gangues e, que apesar dos acontecimentos envolvendo tiroteios, muitas armas estão sendo tiradas de circulação.

Violência urbana deixa marcas 
profundas nas famílias das vítimas

As famílias que tiveram crianças mortas ou baleadas por balas perdidas carregam marcas profundas que nem mesmo o tempo é capaz de apagá-las. “Meu sobrinho estava brincando na calçada de casa, quando foi atingido por um tiro nas nádegas, disparado por um sujeito que tentava matar outro em uma vila do bairro Santo Antônio. Ele hoje não consegue mais brincar fora de casa, traumatizado com a violência”, contou uma estudante universitária residente no bairro Santo Antônio.
Sete Casos Três Mortes:
Léo Jackson, bairro Papoco;

Deyse Kelly, Barrocas;

Ângela Kelly, Aeroporto II.
Até hoje a Polícia Civil apura os seguintes casos envolvendo crianças vítimas de tiros em Mossoró:
No dia 24 de maio passado, uma menina de 2 anos morreu após ser baleada na perna durante um tiroteio envolvendo briga de gangues. Aconteceu numa vila localizada na rua Calistrato Nascimento, no bairro Barrocas. Deyse Kelly Félix da Silva ainda foi atendida na UPA do bairro Santo Antônio, mas não resistiu. A criança estava dentro de casa quando foi atingida pelos disparos. Na ocasião, um homem de 46 anos foi baleado nas costas e morreu na hora. Dois adolescentes, 15 e 16, também foram baleados e escaparam.
Dias após, no dia 31 de maio, durante uma tentativa de assalto, duas pessoas foram baleadas no bairro Santo Antônio. Uma das vítimas foi um menino de 10 anos, atingido no braço. A outra foi um homem de 41, alvejado no peito. Os dois foram levados ao Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) e dias depois liberados.
Já no dia 14 de julho a vítima foi uma menina de 12 anos. Outras três pessoas da família dela também foram feridas por bala perdida. Aconteceu durante a preparação de uma festa de aniversário. De acordo com a PM, dois elementos chegaram em uma moto e atiraram contra as vítimas. Ângela Kelly Filgueira de Araújo levou um tiro no olho e morreu no local. Kelly era prima da aniversariante. O alvo dos bandidos seria Silvio Severino da Silva, 21 anos, pai da aniversariante. Ele sofreu um tiro no rosto, um no pescoço e outro na barriga, morrendo dias após no HRTM.
Outro atentado contra criança ocorreu no dia 23 de julho, quando uma menina de 4 anos foi atingida nas nádegas por uma bala perdida durante um tiroteio no bairro Santo Antônio. O alvo dos tiros era um adolescente de 16 anos, que também morreu no local.
Por fim, no dia 4 de setembro a vítima foi um menino de 11 anos, baleado durante uma tentativa de assalto no bairro Aeroporto II. Segundo a PM, dois assaltantes tentaram roubar a motocicleta de um homem. Os criminosos atiraram e acertaram o filho dele. A criança foi atingida de raspão na perna e socorrida pelo próprio pai ao hospital. Ângela Kelly, de 12 anos, morreu ao ser atingida com um tiro no olho.
omossoroense

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