Uma das maiores preocupações das polícias civil e militar de Mossoró é o crescente aumento de casos envolvendo balas pedidas, que atingem pessoas inocentes em bairros e ruas da cidade. Somente este ano, pelo menos três pessoas morreram e outras 10 ficaram feridas vítimas de balas perdidas. Os casos estão sendo investigados pela Delegacia Especializada em Homicídios (Dehom), que já acumula vários inquéritos policiais.
O caso mais recente teve como vítima fatal o adolescente Gledson Douglas da Silva Félix, 13, que residia no conjunto Santa Helena. Ele foi atingido por bala perdida na noite da terça-feira (27), quando brincava numa calçada nas proximidades de sua casa. Ele morreu quando era socorrido por familiares para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Santo Antônio.
Dois elementos em uma moto chegaram para matar um vizinho de Gledson e um dos tiros acertou-lhe o peito esquerdo. De acordo com a Polícia Militar, por volta das 19h30, dois elementos em uma motocicleta chegaram à rua Rivanildo Dantas de Farias, no intuito de matar um desafeto e atiraram contra a casa da suposta vítima. Na ocasião, o jovem surgiu correndo pela calçada e foi atingido.
"O caso envolvendo o adolescente Douglas foi uma fatalidade e ninguém pode mudar isso. No entanto o que nos preocupa é a forma como aconteceu. O menino estava brincando juntamente com outros de sua idade, quando morreu sem dever nada para ninguém. Assim como ele foi atingido outras pessoas também poderiam ter sido vítimas dos tiros. Infelizmente é isso que ocorre", explicou um investigador da Dehom.
Para o investigador, a ousadia dos criminosos também tem contribuído para o aumento de crimes e, consequentemente, o número de inocentes feridos com balas perdidas também aumenta. "Hoje, um dos maiores problemas envolvendo assassinatos são ocasionados pela ousadia dos bandidos, que já não têm medo das forças policiais ou de ostentarem suas armas em público. Afoito desse jeito, os crimes acontecem com mais frequência", ressaltou.
Um dos casos típicos de ousadia e irresponsabilidade aconteceu no último dia 22, quando um homem armado com um revólver - em busca de um suposto desafeto - feriu à bala, cinco pessoas dentro da Cobal, principal mercado de abastecimento de carnes e produtos agrícolas de Mossoró. José Adonias, 23, detido pelos próprios comerciantes, está preso. As vítimas, de acordo com a PM, foram atingidas por balas perdidas no momento em que o acusado tentou matar um desafeto, atingindo outras quatro pessoas que estavam no local.
"Foi um risco grande que a população correu com um maluco desse atirando pra todo lado. Felizmente ninguém morreu, apesar da gravidade dos tiros", concluiu um policial milItar que prendeu o suspeito.
Crianças são as maiores vítimas de balas perdidas, segundo dados da Polícia Civil
A violência que se instalou em Mossoró nos últimos quatro anos já deixou aproximadamente 600 pessoas mortas, no entanto este ano tem sido mais assustador ainda, onde além dos crimes envolvendo tráfico de drogas e acerto de contas, as crianças passaram a ser vítimas da bandidagem. Em pouco menos de dois anos, 10 crianças foram vítimas de balas perdidas, e pelo menos quatro delas morreram, segundo dados oficiais colhidos na Polícia Civil.
Os casos envolvendo os menores ocorreram em bairros periféricos, onde as gangues agem em plena luz do dia ou na calada da noite. As crianças mortas a tiros são dos bairros Papoco, Barrocas e Aeroporto II, onde parentes ou amigos das vítimas seriam alvos dos criminosos.
As mortes das crianças ou o fato de alguma ter sido baleada inocentemente causa revolta à população e levanta discussão sobre os meios de combater a criminalidade em áreas consideradas de risco."A periferia por si só já é uma área considerada vulnerável e por esse motivo a violência tende a se deslocar para ela, atraindo gangues que a todo custo querem manter o domínio de atuação. Diante desta situação, tiroteios são inevitáveis e, com isso, toda população fica desprotegida, inclusive as crianças", explicou o psicólogo João Hermínio Trindade, autor de um estudo intitulado "As periferias do Brasil".
Casos de pessoas mortas por balas perdidas são registrados também em cidades de pequenos portes do RN
Casos de pessoas mortas envolvendo balas perdidas, típicos de cidades grandes, já chegaram ao interior do Rio Grande do Norte, onde diversos municípios já registraram mortes. Um dos últimos casos aconteceu no município de Ipanguaçu, no Vale do Açu, onde em novembro do ano passado uma mulher morreu e outras duas pessoas ficaram feridas na zona rural, durante um atentado protagonizado por dois elementos que atiraram contra um grupo de pessoas reunidas em uma calçada, na comunidade de Pedrinhas.
Camila Navegantes Fernandes, 21, foi atingida por balas perdidas e morreu no local, enquanto as outras duas vítimas foram socorridas por moradores para o Hospital de Assú.
Dois elementos usando capacetes e em uma moto preta se aproximaram do grupo e atiraram. Camila foi atingida por dois tiros e morreu.
Omossoroense
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