Manhã de quinta-feira marcada por mais uma polêmica envolvendo a Guarda Municipal de Mossoró. Os guardas que estavam de plantão se deslocaram RN-117 e provocaram uma grande confusão com taxistas e populares do município vizinho.
De acordo com a versão apresentada pela Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM), os guardas estavam patrulhando as vias de acesso a Mossoró na tentativa de impedir a realização de bloqueios por parte de taxistas clandestinos quando uma das viaturas teria sido abordada por manifestantes.
"Uma das nossas guarnições estava patrulhando quando foi abordada por taxistas, que ameaçaram e os conduziram à força até a cidade de Governador, onde havia mais de 100 clandestinos. Lá passaram a ameaçar de morte os dois, afirmando que eles seriam queimados vivos", explicou o secretário Municipal de Segurança Pública e Defesa Civil, Alvibá Gomes.
Os manifestantes, por outro lado, alegam que os guardas foram ao município de Governador Dix-sept Rosado espontaneamente e tentaram impedir o protesto realizado pelos taxistas, contra a determinação da PMM, de limitar a circulação dos veículos nas ruas de Mossoró.
Vídeos divulgados em redes sociais mostram a chegada de uma viatura da Romu e guardas municipais em meio a um forte clima de tensão. Neste momento os guardas civis buscavam abrir caminho em meio aos manifestantes para adentrar a cidade de Governador Dix-septRosado.
Em meio ao tumulto os guardas civis teriam pedido apoio a Mossoró e com a chegada de outras viaturas da Guarda Civil de Mossoró, da Força Tática da Polícia Militar (PM) e Polícia Civil, o confronto foi intensificado ampliando a revolta em meio aos manifestantes.
Um vereador do município de Governador Dix-sept e populares que participavam do ato questionaram a ação contundentes e foram presos.
Três pessoas foram presas e encaminhadas para a Divisão de Polícia do Oeste (Divipoe): o vereador de Governador Dix-sept Rosado, Evandro "Vandinho" de Araujo (PHS), o ex-vereador do município, Antônio "Bolota" Freitas e Patrício Sifrônio da Silveira, indiciados pelo crime de cárcere privado.
Os acusados prestaram depoimento à polícia e foram liberados mediante pagamento de fiança de R$ 3.000,00, R$ 2.000,00 e R$ 1.000,00 respectivamente.
Vereador preso desmente versão da PMM
A versão divulgada pela PMM, de que os manifestantes teriam forçado a viatura da Guarda Municipal de Mossoró a se deslocar até o local do protesto em Governador Dix-sept Rosado foi contestada pelos três dix-septienses presos ontem.
Em contato com o jornal O Mossoroense, o vereador Evandro Araújo explicou que os oficiais já estavam na entrada do município vizinho quando o problema teve início, provocando revolta na população e taxistas que passaram a questionar a ação considerada abusiva.
"A Guarda chegou a Governador e a própria população cercou o carro. Eles poderiam descer tranquilamente, mas a população travou a saída do veículo. Houve uma queima de pneus, e nós estávamos lá participando do ato como cidadãos. Não é verdade que eles estavam em cárcere, se o povo quisesse teria ateado fogo no carro da Guarda. Por que não fez isso?", indagou Evandro, relembrando que os oficiais não foram ameaçados por nenhum dos manifestantes.
O vereador afirma que discorda da presença da Guarda Civil na cidade vizinha, pelo fato de não haver competência que permita a atuação além dos limites de Mossoró.
"No meu humilde entendimento eles não tinham competência para estar lá. Nós perguntamos o que eles queriam e eles disseram que estavam monitorando as estradas, não acredito que eles podem fazer isso", concluiu Evandro.
Vídeo mostra que guarda estava armado com uma pistola
Vídeos divulgados em redes sociais durante todo o dia de ontem repercutiram e apresentaram detalhes do confronto entre a Guarda Civil de Mossoró, taxistas e população de Governador Dix-sept Rosado.
Num dos vídeos é possível ver um guarda municipal sacando uma pistola em meio a multidão enquanto ameaçava populares. Apesar de ser regulamentada por lei, o uso de armas é vetado a Guarda Civil de Mossoró em função da mesma ainda não ter sido treinada para liberar ações armadas.
No mesmo vídeo é possível ver um homem com farda da Força Tática efetuar disparos para o chão com uma escopeta. Durante o vídeo é possível identificar pelo menos três disparos. Bombas de efeito moral foram utilizadas para dispersar os manifestantes.
Segundo o vereador dixseptiense Evandro Araújo, "Dois guardas civis foram revistados no momento do tumulto e estavam armados com revólveres. Os disparos efetuados foram feitos pela PM, que desfecharam balas de borracha no chão além de bombas de efeito moral que foram jogadas", destaca o vereador.
O Secretário Municipal de Segurança Pública e Defesa Civil, Alvibá Gomes nega a informação e afirma que os dois guardas abordados durante o tumulto estavam desarmados. Ele ressaltou que de acordo com a lei 13.022, a guarda tem autorização para portar arma de fogo, mas que isso não aconteceu na ocasião.
"Desconheço que eles estavam armados. Se eles estivessem armados você acha que eles permitiriam ser abordados por taxistas na RN e serem levados de forma coercitiva, contra a sua vontade, para a cidade de Governador? Com certeza não. Quem estava armado eram os oficiais da força tática da PM, que foi convocada para ajudar a resolver a situação", explicou o secretário.
Alvibá afirmou que é procedimento padrão em casos como a manifestação em Governador que sejam disparados tiros para o chão. Ele também afirmou que ações mais duras poderiam ter sido tomadas se fosse necessário. "Também é procedimento padrão atirar em direção de uma pessoa que esteja representando ameaça ou que esteja apresentando resistência", afirmou.
Omossoroense
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