quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O erro do Estado do Rn e a execução de PMs



Em 2009, escrevi que a escolha errada de investimento em segurança pública no Rio Grande do Norte iria gerar um cenário perigoso para o PM fazer policiamento ostensivo, em especial nas regiões periféricas dos centros urbanos. PMs iriam se transformar em alvos fáceis. 

Infelizmente acertei.

Esta percepção foi com base em dados reais vivenciados no dia a dia em Mossoró no período de 1998 aos dias atuais. De 1998 a 2005 era registrada uma média de 30 homicídios por ano. Em 2006 já foram registrados 53 homicídios e continuou crescendo 


Em 2007 pulou para 87 e em 2008 já foram 118 assassinatos. Em 2009 reduziu para 103 e subiu para 141 em 2010, chegando ao extremo de 191 homicídios em 2011. Na mesma proporção e também em função do tráfico de drogas aumentou o número de assaltos. 
Do tráfico drogas se gera muitos crimes e destes crimes, por não terem uma investigação competente, termina por gerar outros crimes. O criminoso acostumado com a impunidade, ganha “asas”, ou, como diz os policiais, “marra”. Parte para o ataque de quem lhe combate. 


Em tempo, lembro que para combater o crime com sustentabilidade, o Estado precisa investir em escolas em locais amplos e bem estruturadas para o jovem aprender a ler e escrever no horário da manhã e a tarde uma profissão, praticar esportes e também atividades culturais. 


O Estado precisa com relativa urgência colocar os presos para trabalhar, de modo que eles paguem pelos crimes que fizeram, ganhem para se auto-sustentarem na prisão, aprendam uma profissão e tenham chances de sobrevivência nos seus reingressos no seio social. 

Paralelo a isto, a sociedade organizada precisa em parceria com o Estado e as igrejas fazer campanha no sentido de convencer as pessoas a perdoar e não alimentarem mais o sentimento triste da vingança, que hoje é bem evidente no seio social. 

Para o combate direto, resgatar o sentimento de injustiça nas pessoas era preciso que o Estado tivesse investido na estruturação da Polícia Civil e em especial no apoio forense, para que o bandido fosse preso, processado com provas técnicas e condenado a pena justa. 

Ao invés de investir no óbvio, os governos Garibaldi Alves, Fernando Freire, Vilma de Faria e Rosalba Ciarlini insistem em comprar ou alugar viaturas entregar aos novos PMs, num processo nitidamente midiático, para usar como outdoor político. 


Daí o crescente aumento do tráfico, dos assaltos e homicídios.


Este desequilíbrio no investimento/combate a violência termina por colocar em risco a vida dos PMs que estão nas ruas, fardados, em viaturas caracterizadas, entrando e saindo em ruelas, exposto aos bandidos, que por sua vez são invisíveis, armados e perigosos. 

E são invisíveis porque não existe um bom serviço de inteligência na Polícia Civil, capaz de nortear as investigações e também o trabalho ostensivo dos militares. 

Por uma razão simples: o PM prende, mas como não tem PC/perícia forense para concluir a prisão, o suspeito é solto. Ele retorna para as ruas, vê os crimes impunes e a PM num processo que mais parece enxugar gelo: prende e logo em seguida a Justiça manda soltar. 

O bandido fica com “marra” e para revidar contra o PM que o prendeu ou ameaça prendê-lo é um pequeno passo. E em alguns casos este pequeno passo já foi dado. Os PMs Marcos Mathias da Silva, de 44 anos, e Claudio Sena da Silva, de 43 anos, poderiam está vivos. 


Tenho dito!

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