domingo, 31 de março de 2013

Cidadãos evitam sair de casa por medo da crescente onda de violência na cidade de Mossoró


Cidadãos evitam sair de casa por  medo da crescente onda de violência

Insegurança, revolta e medo. Estas foram as palavras mais pronunciadas por alguns moradores do bairro Nova Betânia, onde muitos afirmam que os assaltos acontecem a qualquer hora do dia ou da noite. Além das residências, pontos comerciais também são alvos fáceis e recorrentes dos assaltantes. Principalmente na última semana quando da interdição judicial da Cadeia Pública de Mossoró e do Complexo Penal Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN) e os presos em flagrante ficaram sem ter para onde serem levados, tendo muitos deles liberação imediata após a autuação. 
A insegurança é tanta, que a população alega que não pode nem mesmo ficar sentada na calçada. Independente do horário, a pé, de bicicleta de moto ou carro os assaltantes não se sentem intimidados, segundo relatos das vítimas, sejam de assaltos à mão armada ou arrastões em casas.
De acordo com um comerciante que preferiu não se identificar, na última quinta-feira dois marginais abordaram uma mulher e levaram sua bolsa. "Isso aconteceu por volta das 10h, em plena luz do dia. Já está se tornando um hábito ver esse tipo de situação", lamentou.
Conforme o comerciante, o policiamento na área é muito precário. "Tenho esse comércio há quatro anos e graças a Deus nunca fui assaltado porque quando vejo alguém com atitude suspeita deixo tudo aqui e me afasto", disse.
Os furtos acontecem em todos os bairros e ruas, onde os bandidos desafiam a polícia em suas ações ousadas. A aposentada Maria Celeste, 67, moradora do bairro Aeroporto, contou que já foi assaltada várias vezes. "Por conta disso, alguns dias eu prefiro sair até sem bolsa para evitar chamar atenção dos bandidos. Está horrível a situação nessa área. Está muito perigoso. Em casos mais graves, quando acionamos a PM, ela demora a chegar", reclamou a mulher. 
Para evitar os assaltos, os comerciantes tentam se prevenir como podem. Na mesma rua onde a aposentada reside, um salão de beleza funciona todo gradeado, para garantir a segurança dos funcionários e clientes. "Chego aqui às 9h e saio por volta das 21h, mas o medo e o cuidado são dobrados. Nesse horário a rua é esquisita e escura para piorar", reclamou. Os moradores afirmaram que à noite a situação piora devido a falta de iluminação nos postes.
Segundo informações repassadas pelo delegado Denys Carvalho da Ponte, titular da Delegacia Regional da Polícia Civil de Mossoró, Nas últimas semanas as ações criminosas têm sido ainda maiores nas ruas e bairros da cidade, principalmente com relação ao roubo e furto de veículos, onde os moradores são atacados principalmente ao sair ou chegar em casa.
"Muitos assaltos ocorrem quando as vítimas saem ou chegam em casa. Para que isso seja pelo menos diminuído é preciso tomarem alguns cuidados simples, mas de fundamental importância. Entre eles, por exemplo, quando for chegar em casa observe se existe alguma pessoas estranha nas imediação. Principalmente à noite. Se tiver alguém, sonde logo o ambiente e se a desconfiança tiver sentido chame a polícia", explicou.
Com relação a roubos de residências, o delegado alerta que mantenham sempre as portas e portões fechados, evitando permanecerem sentados nas calçadas até tarde. "Se você tem o hábito de todo dia sentar na calçada de casa e ficar por muito tempo, os criminosos podem observar sua rotina e atacar a qualquer momento. Infelizmente é assim", destacou.
Nos assaltos ou arrastões, os criminosos costumam sempre serem rápidos, diante disso as vítimas devem evitar reagir e de preferência entregar os pertences para evitar uma possível reação dos bandidos.

Falta de vagas em unidades prisionais faz Justiça liberar criminosos
Com a interdição das duas principais unidades prisionais estaduais de Mossoró, desde o início da semana passada, quando o juiz Vagnos Kelly de Figueiredo Medeiros, titular da 1ª Vara Criminal, acatou o pedido do Ministério Público e decretou a interdição da Cadeia Pública e da Penitenciária Mário Negócio, ficou também proibido o ingresso de novos presos nas instituições.
Diante dessa situação, as Delegacias da Polícia Civil não têm para onde encaminhar os presos flagranteados ou detidos por força de mandado judicial. Como existe uma lei desde 2010, proibindo a presença de presos custodiados nas delegacias, a saída encontrada pela Justiça está sendo a liberação dos acusados.
"Quando uma prisão em flagrante cabe fiança, o valor está sendo reduzido como forma deste individuou não ficar preso. Quando o crime não é afiançável, a Justiça está sendo mais flexível e liberando o elemento para responder em liberdade. Particularmente não peço para ninguém ser solto, porém não tem como ficar com ninguém preso", explicou um delegado que preferiu não se identificar.
Na semana passada, dois casos chamaram atenção da população, com relação a soltura de dois presos. Um homem preso em flagrante traficando drogas teve a sua prisão relaxada pela 1ª Vara Criminal, após passar dois dias trancados em uma cela da Delegacia Especializada em Narcóticos (Denarc).
Por sua vez, uma mulher detida, acusada de tráfico, assalto, homicídio e formação de quadrilha, permaneceu por dois dias nos corredores da DP Regional, até que a Justiça autorizou o relaxamento de sua prisão e a mandou para casa.
O delegado Denys Carvalho tem travado uma luta junto a Justiça e ao governo do Estado para que esta situação seja resolvida e os presos tenha aonde ficaren, após a detidos.
Uma das saída para amenizar o caos no sistema carcerário seria a reativação do Centro de detenção Provisória (CDP) do Abolição, que também está interditado judicialmente, devido rachaduras nas paredes do setor administrativo.
"Não cabe a eu decidir para onde levar os presos, nem se eles serão ou não liberados. Apenas cumpro a determinação judicial", concluiu Denys Carvalho.

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